quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Horizonte de sentido - Parte I

Gentesss!!! Voltei! Como alguns devem saber passei um mês na terrinha... a calorosa Manaus. Matando saudade das pessoas, dos sabores... aproveitei também para fazer o balanço dos sentimentos, verificar as certezas, lavar algumas roupas (rs).
Comentei pela internet que colinho de mãe cura tudo e aproveitei pra me queixar um pouco sobre como minha filha está crescendo e já quase nao cabe no meu (colo). É claro que a gente acaba dando um jeitinho e com algumas adequações ainda conseguimos sentir o calorzinho do colo materno.
Lembrei, durante a viagem, por um outro motivo, de um livro do Pe. Fábio de Melo que minha mãe me emprestou quase me intimando a ler e que comecei, achei interessante, mas por circustâncias acadêmicas acabei não terminando a leitura.
Enfim, o nome do livro é Quem me roubou de mim, e eu lembrei que, neste livro, o padre utiliza a definição de sequestro (crime no qual uma pessoa é retirada do contato com as coisas suas, as pessoas da família, amigos, de seu mundo particular e é mantida em cativeiro, em total privação de sua liberdade. Pelo menos da liberdade de ir e vir.) para falar sobre o que ele chamou de sequestro da subjetividade (cuja denominação so fui lembrar quando voltei pra São Paulo e imediantamente fui dar conta do livro).
Trabalharei mas com este conceito que achei interessantíssimo, em outra ocasião pois, relendo o livro, encontrei um poema lindo que tinha tudo a ver com o meu sentimento de encontrar a família novamente, os amigos, etc. e eu que ainda estava tão triste e ainda sofrendo com mais uma cruel despedida, me emocionei bastante.
Quero compartilhá-lo com as pessoas que me acompanham, não são muitas, mas tão importantes. O poema chama Retorno:

Somente depois de ter andado por terras estranhas
É que pude reconhecer a beleza de minha morada.
A ausência mensura o tamanho do local perdido
Evidencia o que antes estava oculto,
por força do costume.
Olhei minha mãe como se fosse a primeira vez.
Olhei como se eu fosse voltar a ser pequena
A descobrir-lhe as feições tão maternas.
Abri o portão principal como quem abria
Um cofre que resguardava valores incomensuráveis.
As vozes de todos os dias estavam reinauguradas.
Deitei-me no colo de minha mãe como se quisesse
Realizar a proeza de ser gerado de novo.
Suas mãos sobre os meus cabelos
pareciam devolver-me
A mim mesmo.
Mãos com poder de sutura existencial...
Era como se o gesto possuísse voz,
capaz de me dizer:
Dorme meu filho, por que enquanto você dormir
Eu lhe farei de novo.
Dorme meu filho, dorme...

Ainda não consigo lê-lo sem deixar as lágrimas caírem... espero em breve poder ouvir novamente "as vozes de todos os dias"...