terça-feira, 23 de março de 2010

A intervenção

Amanhã pela manhã, um grupo de professores de minha escola fará algumas intervenções nas escolas vizinhas.
Conversaremos com os professores e exlicaremos nossos objetivos com a greve.
Sem sindicato, sem CUT, sem PT.
A greve não é partidária, pelo menos pra este grupo. A greve é por melhores condições da categoria.
É a exposição de nossa repúdia contra o Programa de Valorização do Magistério "por Merecimento", contra o reajuste de salário de 25% para apenas 20% do Magistério.
Não estamos contra as provas, mas contra o que estão pretendendo com elas. Se todos os professores foram bem na prova, ainda assim apenas 20% terão acesso ao reajuste salarial. Os 80% que passaram na prova não merecem? Será que só os professores que estão em greve percebem o absurdo que isso significa?
Ao invés de bônus e valorização fajuta, por que não um salário mais digno. Um salário que nos permita a dedicação maior à escola, ao planejamento, à capacitação, à formação continuada de verdade. Que nos permita comprar livros, viajar, ter acesso aos bens culturais.
Isso sim seria uma "revolução" na educação.
O resto é paliativo, autoritário. Política pública pra inglês (ou americano?)ver.
Fazemos parte do front da sociedade.
Estamos diretamente em contato com a parcela da população que é historicamente "invisível" às pessoas mais abastadas, à minoria rica do país. Conhecemos melhor do que ninguém as situações de risco a que muitos de nossos alunos estão expostos.
Não estamos fazendo greve contra os pobres. Pelo contrário. É para termos condições reais de proporcionar maior criticidade e consciência à eles.
Caso isso não aconteça, os melhores professores continuarão abandonando a escola pública, o magistério público, em busca de melhores condições de vida.
A greve é da categoria, mas não é só por ela. Mesmo que seu grande objetivo seja salarial.
Na faculdade li um texto de Saviani (escrito para uma solenidade de formatura de um curso de Pedagogia) que me marcou muito. Na qual ele falava que a grande preocupação dos cursos de Pedagogia seria a escola pública, tendo em vista que a maioria das pessoas em idade escolar estão na escola pública. São eles o nosso grande alvo.
Magistério não é missão, mas é vocação que necessita de profissionalização. De capacidade. De competência sim. De respeito.
É por que não quero abandonar o magistério público paulista que estou em greve. E espero contar com a compreensão e o respeito por isso.

sábado, 20 de março de 2010

Vale a pena conferir

Outro tetxo muito bom. O autor é filósofo que está em várias redes sociais e faz ponderação contundente a respeito da paralização dos professores também.

http://ghiraldelli.pro.br/2010/03/ensino-publico-paulista

Um abraço.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Texto e comentários bacanas sobre greve dos professores*

Muito importante termos consciência da realidade para lidarmos com ela com mais segurança.
Como disse Cazuza "ideologia, eu quero uma pra viver". O xiitismo, porém, nos cega e nos torna intolerantes, o que não é pertinente em uma sociedade que todos desejam democrática.
Sem falsos heróis e contra o oportunismo sigamos em frente em nossa luta por um magistério mais digno.

PS: Leiam os comentários também. Importante observar as ponderações do autor depois do texto publicado.


http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2010/03/467083.shtml

* texto enviado por email por Tereza Glicério.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Por que aderir à greve?

Acredito que os professores da rede estadual de educação de São paulo que aderiram à greve tenham motivos subjetivos e objetivos variados para assim fazê-los, mas o que fica evidente nesta atitude é a insatisfação.
Não sou petista e não irei votar na Dilma. Não espero que a greve desate o nó da educação e nem mesmo que o professor volte dela com o salário justo que esperamos. Mas não poderia deixar de me manifestar e ser solidária aos meus colegas que, como eu, sentiram-se desrespeitados com o autoritarismo e as mentiras esfarrapadas veiculadas nos canais de Tv (os mais caros por sinal) pelo governo do estado, afirmando, entre outras coisas, que as crianças contam com dois professores em sala de aula. Promovendo o maravilhoso programa de valorização do magistério que aumetará o salário de apenas 20% dos professores que fizerem a avaliação proposta pelo governo.
Já nem vou discutir o bônus que hoje me parece dos males o menor. O bônus resolve o problema do professor em um mês. No resto do ano contamos mesmo é com nosso salário que não recebe reajuste há 12 anos. Não seria problema se a sexta básica, a passagem de ônibus, metrô, etc. não inflacionassem.
É a primeira vez que participo de uma greve. Estou procupada com relação ao entendimento de meus alunos a respeito de tudo isso, mas tenho a consciência limpa. Estou muito feliz que em minha escola a maioria dos professores tomou a decisão de demonstrar o mesmo sentimento de indignação. Professores inteligentes, coerentes, experientes, esclarecidos, o que qualifica ainda mais a ação.
Não seria coerente não parar e continuar reclamando do que considero injusto. Na passividade, como na maioria das vezes. Vendo a banda passar.

EM GREVE POR UM SALÁRIO DE VERDADE E UMA EDUCAÇÃO SEM MENTIRAS.