segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Repassando (brevemente) 2010

Faltando 4 dias para o término deste ano chegou a hora de retomar algumas novidades.
Iniciei um novo trabalho e ainda não sei se vou aguentar a dupla jornada tendo em vista principalmente outra grande novidade do ano que atenderá pelo nome (parece que agora está definido) de Viviane e tem apenas cinco meses de vida, dentro de mim, ainda.
É claro que minha vida com duas filhas terá uma ajuda pra lá de especial já que (lá vem outra novidade) minha mãe, meu pai e minha irmã, com sua família, já estão morando em Sampa. Tão pertinho que nem acredito... e num lugar bacana, gostoso. Apesar disso, sempre sentiremos muita falta de meu irmão que, por sinal, acabou de ficar noivo da Leidi. Mas estarão lá cuidando da casa e de suas vidas.
Terminei o mestrado, finalmente.
Me sinto mais leve, realizada, mas fim do ano foi tão agitado, com tantas novidades que agora, de férias, estou com uma sensação estranha de falta do que fazer... rs. Detalhe: já tenho uma lista com coisas pra fazer e um quarto pra decorar, ou renovar, pra receber a Vivi e deixar Maria Clara bem feliz. Mas vou aproveitar pra ficar com as pernas bem pra cima também e curtir bastante a família, enquanto eu posso.
É eu sei, 2010 foi bem intenso. Mas 2011 promete mais!!!
Feliz ano novo a todos!!!!!!!

sábado, 25 de dezembro de 2010

Família é prato difícil de se preparar

"(...) São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida - azeitona verde no palito - sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida. Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade. Sicrano - quem diria? - solou, endureceu, murchou antes do tempo. Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante. Aquele o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente.
E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia. Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo? A mais sentimental? A mais prestativa? O que nunca quis nada com o trabalho? Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero e do grau comparativo. Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida. Não há pressa. Eu espero. Já estão aí? Todas? Ótimo. Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados. Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola. Não se envergonhe de chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza.
Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco. Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias - que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar - tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa.
Atenção também com os pesos e as medidas. Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre. Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido. Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora que se decide meter a colher. Saber meter a colher é verdadeira arte. Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada.
O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão. Não existe “Família à Oswaldo Aranha”, “Família à Rossini”, Família à “Belle Meunière” ou “Família ao Molho Pardo” - em que o sangue é fundamental para o preparo da iguaria. Família é afinidade, é “à Moda da Casa”. E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.
Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada - seriam assim um tipo de “Família Diet”, que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.
Há famílias, por exemplo, que levam muito tempo para serem preparadas. Fica aquela receita cheia de recomendações de se fazer assim ou assado - uma chatice! Outras, ao contrário, se fazem de repente, de uma hora para outra, por atração física incontrolável - quase sempre de noite. Você acorda de manhã, feliz da vida, e quando vai ver já está com a família feita. Por isso é bom saber a hora certa de abaixar o fogo. Já vi famílias inteiras abortadas por causa de fogo alto.
Enfim, receita de família não se copia, se inventa. A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia a dia. A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel. Muita coisa se perde na lembrança. Principalmente na cabeça de um velho já meio caduco como eu. O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas. Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro.
Aproveite ao máximo.
Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete".

Fragmento do livro "Arroz de palma" de Fernando Azevedo compartilhado pela minha irmã com a família na ceia de natal ontem. Lindo!

Feliz Natal!

domingo, 14 de novembro de 2010

Tiririca e a democracia

Recomendo este artigo de Paulo Guiraldelli que foi super didático aproveitando o caso Tiririca pra falar um pouco sobre a nossa jovem e frágil democracia.
É necessário lutarmos por oportunidades reais de educação e por maiores espaços de exercício da democracia, pois ela é formativa e deve ser defendida sempre.
Apenas criticar o "povo" pelos políticos que elege não resolve nossos problemas.

http://ghiraldelli.pro.br/2010/11/12/a-perigosa-reacao-contra-tiririca/

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Novembrite

Impressão minha ou em novembro as pessoas já estão se arrastando pedindo fééériassss!!!!
Esse ano valeu mesmo por dois.
Trabalhando como louca (agora em dois empregos), defendo minha dissertação daqui a 14 dias(hoje fiz o depósito dos exemplares na universidade), procurando casa pra minha família morar (estão vindo pra Sampa... eeeeeehhhhh)e... gráááviiiiidaaaaaaaaaa!!!! Louca pra saber o sexo do bebê.
São Paulo faz isso com as pessoas.
Você procura um milhão de coisas pra fazer e depois fica se queixando que não tem tempo pra nada. Se acontece até comigo que sou mais da parcimônia...
Ano que vem paro seis meses pra balanço (não para descanso).
Tá decidido! Rs.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Ontem assisti o programa da Oprah e fiquei perplexa com a situação limite de um casal que lida com uma filha de sete anos com esquizofrenia, doença que a aflige desde bebê. Jani ouve vozes e se sente perseguida. No caso dela, alucinações tomam a forma de crianças e animais imaginários. Ela tem uma amiga chamada “24 Horas”, um rato chamado “Quarta-feira” e um gato a quem ela deu o nome de “400” e que lhe manda fazer coisas ruins.
Os pais passam o dia tentando protegê-la, estimulando-a o tempo todo com atividade pra que ela não entre em seu "mundinho" e as alucinações iniciem.
Deus! Que provação. A menina toma dosagens de remédios receitados aos pacientes adultos com mais alto grau da doença. Desde os cinco anos manifesta agressividade exarcebada e os pais têm medo de que ela tente se matar (já tentou algumas vezes) ou machucar o irmão bebê.
Os pais fazem terapia, frequentam grupos de apoio, tomam antidepressivos e mesmo assim suas aparências mostram claramente o quanto isso já os afetou.
Eu já fico tão cansada quando a MC resolve testar os limites. Agora que está de férias, sem a rotina escolar, está tão teimosa, manhosa.
Tomando conhecimento de cases como da pequena Jani, mesmo sentindo por seus pais, um alívio me acomete e agradeço muito por não passar por adversidade extrema.
Quando somos pais de primeira viagem, não temos muitos parâmetros, modelos no dia-a-dia que nos mostrem o que está certo, o que é normal no desenvolvimento de nossos filhos. Mesmo sendo educadora por profissão, em vários momentos me vejo insegurança com minhas atitudes, ou falta de atitudes. Afinal, não existe receita nem manual 100% compatível com a diversidade das situações diárias de se educar uma criança. E desconfiem daqueles que prometem ser.
Por isso sentimos a necessidade de comparar com os filhos de amigos, daquela mãe que puxou conversa com você no playground, com os coleguinhas da escola... o que come, o que não come, o peso, a altura, o que fala, o que estuda, o que sabe fazer. Como professora, costumava achar isso uma coisa tão ridícula e como mãe não consigo me conter. E pior, a comparação pode servir para nos deixar aliviados ou ainda mais angustiados. Mas, quando acompanhada de preocupação real, sem muitas neuroses, com a saúde dos rebentos já é um bom indício de que se está no caminho certo.
Hoje acredito que é maneira saudável (quando sem exageros) de acompanhar o crescimento de nossos bem maiores. A razão de nossas vidas. Fonte de angústias e alegrias. De vida.
Não é?!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Seguindo em frente

Nossa! Minha última postagem foi em março. O clima estava pesado.
Terminada a greve sem resultados, arcamos ainda com os prejuízos.
Voltamos desanimadas, o desgaste foi grande, mas muito dispostas a recuperar o tempo perdido. E acredito que até o início das férias conseguimos isso.
Neste meio tempo recebi a família e amigos em casa, marquei a qualificação, passei no concurso da prefeitura e fui agraciada, fomos (eu e o RÔ), com um Encontro de Casais que foi marcante para os dois. O semestre valeu por um ano. Mas 2010 já prometia mesmo.
Fiz aniversário de nascimento. De casamento (6 anos). O tempo passa numa velocidade desesperadora.
As férias terminam nessa semana. Passou tão rápido (o tempo de novo). Se bem que não são férias mesmo, só um recesso pra dar sobrevida aos professores. Rs.
Que o ano prossiga animado mas leve... sem estresses...
Té!

terça-feira, 23 de março de 2010

A intervenção

Amanhã pela manhã, um grupo de professores de minha escola fará algumas intervenções nas escolas vizinhas.
Conversaremos com os professores e exlicaremos nossos objetivos com a greve.
Sem sindicato, sem CUT, sem PT.
A greve não é partidária, pelo menos pra este grupo. A greve é por melhores condições da categoria.
É a exposição de nossa repúdia contra o Programa de Valorização do Magistério "por Merecimento", contra o reajuste de salário de 25% para apenas 20% do Magistério.
Não estamos contra as provas, mas contra o que estão pretendendo com elas. Se todos os professores foram bem na prova, ainda assim apenas 20% terão acesso ao reajuste salarial. Os 80% que passaram na prova não merecem? Será que só os professores que estão em greve percebem o absurdo que isso significa?
Ao invés de bônus e valorização fajuta, por que não um salário mais digno. Um salário que nos permita a dedicação maior à escola, ao planejamento, à capacitação, à formação continuada de verdade. Que nos permita comprar livros, viajar, ter acesso aos bens culturais.
Isso sim seria uma "revolução" na educação.
O resto é paliativo, autoritário. Política pública pra inglês (ou americano?)ver.
Fazemos parte do front da sociedade.
Estamos diretamente em contato com a parcela da população que é historicamente "invisível" às pessoas mais abastadas, à minoria rica do país. Conhecemos melhor do que ninguém as situações de risco a que muitos de nossos alunos estão expostos.
Não estamos fazendo greve contra os pobres. Pelo contrário. É para termos condições reais de proporcionar maior criticidade e consciência à eles.
Caso isso não aconteça, os melhores professores continuarão abandonando a escola pública, o magistério público, em busca de melhores condições de vida.
A greve é da categoria, mas não é só por ela. Mesmo que seu grande objetivo seja salarial.
Na faculdade li um texto de Saviani (escrito para uma solenidade de formatura de um curso de Pedagogia) que me marcou muito. Na qual ele falava que a grande preocupação dos cursos de Pedagogia seria a escola pública, tendo em vista que a maioria das pessoas em idade escolar estão na escola pública. São eles o nosso grande alvo.
Magistério não é missão, mas é vocação que necessita de profissionalização. De capacidade. De competência sim. De respeito.
É por que não quero abandonar o magistério público paulista que estou em greve. E espero contar com a compreensão e o respeito por isso.

sábado, 20 de março de 2010

Vale a pena conferir

Outro tetxo muito bom. O autor é filósofo que está em várias redes sociais e faz ponderação contundente a respeito da paralização dos professores também.

http://ghiraldelli.pro.br/2010/03/ensino-publico-paulista

Um abraço.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Texto e comentários bacanas sobre greve dos professores*

Muito importante termos consciência da realidade para lidarmos com ela com mais segurança.
Como disse Cazuza "ideologia, eu quero uma pra viver". O xiitismo, porém, nos cega e nos torna intolerantes, o que não é pertinente em uma sociedade que todos desejam democrática.
Sem falsos heróis e contra o oportunismo sigamos em frente em nossa luta por um magistério mais digno.

PS: Leiam os comentários também. Importante observar as ponderações do autor depois do texto publicado.


http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2010/03/467083.shtml

* texto enviado por email por Tereza Glicério.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Por que aderir à greve?

Acredito que os professores da rede estadual de educação de São paulo que aderiram à greve tenham motivos subjetivos e objetivos variados para assim fazê-los, mas o que fica evidente nesta atitude é a insatisfação.
Não sou petista e não irei votar na Dilma. Não espero que a greve desate o nó da educação e nem mesmo que o professor volte dela com o salário justo que esperamos. Mas não poderia deixar de me manifestar e ser solidária aos meus colegas que, como eu, sentiram-se desrespeitados com o autoritarismo e as mentiras esfarrapadas veiculadas nos canais de Tv (os mais caros por sinal) pelo governo do estado, afirmando, entre outras coisas, que as crianças contam com dois professores em sala de aula. Promovendo o maravilhoso programa de valorização do magistério que aumetará o salário de apenas 20% dos professores que fizerem a avaliação proposta pelo governo.
Já nem vou discutir o bônus que hoje me parece dos males o menor. O bônus resolve o problema do professor em um mês. No resto do ano contamos mesmo é com nosso salário que não recebe reajuste há 12 anos. Não seria problema se a sexta básica, a passagem de ônibus, metrô, etc. não inflacionassem.
É a primeira vez que participo de uma greve. Estou procupada com relação ao entendimento de meus alunos a respeito de tudo isso, mas tenho a consciência limpa. Estou muito feliz que em minha escola a maioria dos professores tomou a decisão de demonstrar o mesmo sentimento de indignação. Professores inteligentes, coerentes, experientes, esclarecidos, o que qualifica ainda mais a ação.
Não seria coerente não parar e continuar reclamando do que considero injusto. Na passividade, como na maioria das vezes. Vendo a banda passar.

EM GREVE POR UM SALÁRIO DE VERDADE E UMA EDUCAÇÃO SEM MENTIRAS.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Entre os muros da escola...

... ou "Entre les Murs" é um filme tão realista que temos a sensação, várias vezes durante o filme, de que se trata de um documentário ou algum "reality show" escolar.
Pra quem não sabe, "Entre os muros da escola", dirigido por Laurent Cantet, é um filme francês lançado em 2008, ganhador do Palma de Ouro e muito comentado por aqui, principalmente no meio educacional. O filme se passa em uma escola da periferia de Paris cujo alunado é, em grande parte, imigrante ou descendente de imigrantes de vários continentes do mundo.
Americanos, asiáticos, africanos e é claro europeus dividem uma mesma sala (de 7a série) e têm um problema em comum, a dificuldade no aprendizado da Língua Francesa. Na verdade a maior parte das cenas se passa em sala de aula, especificamente nas aulas do professor de Francês François Bégaudeau (nome real do ator que também é roteirista do filme e escreveu o livro homônimo "Entre les murs").
Além das cenas em sala de aula, vemos também cenas dos conselhos de classe da escola (cujo prática foi importada pelo Brasil) , da reunião no início do ano letivo da escola, os intervalos dos professores, cenas do pátio da escola também no intervalo, reunião de pais, etc. Tudo bem parecido com a organização do nosso ensino público no nosso país. Revela as mesmas dificuldades no ensino de turmas que reúne problemas de todos os tipos como discriminação, indisciplina, a recusa em aprender e o esforço e angústia dos professores que ao se depararem com esta realidade.
É surpreendente perceber o quanto nos identificamos com o dia a dia de uma escola européia já que estamos acostumados a ter os sistemas europeus como referência e até modelo de educação de qualidade e mostra claramente o que muitos políticos querem esquecer ou camuflar, uma realidade social complicada cuja responsabilidade cai na cabeça de professores, diretores, coordenadores das escolas públicas no país. Estes formam o front das batalhas cotidianas enfrentadas por todos nesta complexa sociedade, que, pelo que pudemos observar, em maior ou menos escala, não apetece só países em desenvolvimento.
Uma boa dica de filme para quem trabalha com formação de professores pois se converte em efetivo apoio na reflexão acerca de vários aspectos da trama educacional tendo em vista que, quando observamos imparcialmente o objeto de estudo, conseguimos analisar com mais coerência e razão os problemas (e possíveis soluções) que nos cercam.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Aprendizado de carnaval: A jardineira


- Mamãe, eu aprendi a música da jardineira.
- Foi filha, que bacana! Vamos cantar?
- Sim, mamãe.

A JARDINEIRA
(Benedito Lacerda-Humberto Porto, 1939)


Ó jardineira porque estás tão triste

Mas o que foi que te aconteceu

Foi a camélia que caiu do galho

Deu dois suspiros e depois morreu


Vem jardineira vem meu amor

Não fiques triste que este mundo é todo seu

Tu és muito mais bonita

Que a camélia que morreu
 
 
 
Queria tanto ser a jardineira. Rs.
Tempos bons estes quando não existia "Rebolation".
Ainda bem que a delicadeza e a poesia ainda podem ser ensinadas.
Nota 10 para as escolas que fazem isso. Elas merecem.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Horizonte de sentidos II

Então... pessoas que me acompanham...
Este ano promete muitas novidades. Além dos eventos importantes que estão por vir e que devem chamar a atenção de todo mundo, em maior ou menor grau, como a Copa da África e as eleições gerais, particularmente para mim será um ano cheio de expectativas e talvez de muitas mudanças por outros motivos.
Além do mestrado, que deverei terminar até agosto/setembro do ano corrente, com a graça de Deus e toda paciência e perseverança do mundo, serei professora de uma turma de 1o ano e confesso: Nunca dei aula pra crianças tão novinhas. Muitas começarão o ano letivo com 5 anos de idades. Imaginem isso. 30 crianças entre 5 e seis anos de idade... Jesus!!! Me ajude!!! Mas eu escolhi, acreditem. Primeiro pra continuar a parceria com minha colega de trabalho Tânia. Além da amizade que estamos cultivando, ela é muito competente e comprometida e tenho certeza que nos divertiremos e aprenderemos muito nesta nova empreitada. Segundo, acho que apesar do cansaço físico que provavelmente será maior, acredito que teremos um ano menos tenso. Trabalhar com final de ciclo durante 4 anos tem sido bem estressante.
Afora as novidades acadêmico-profissionais, receberei em minha casa duas pessoas da família por alguns meses e quem sabe "num" futuro próximo poderemos estar todos juntos novamente, vivendo as mesmas estações climáticas. Curtindo as tão sonhadas reuniões de fim de semana... ah! com eu queria...
A família tem uma função muito importante na vida das pessoas. Ela nos mantém próximos de quem a gente é, do nosso horizonte de sentido.
Horizonte de sentidos é tudo aquilo que nos tem significado e são fundamentais para a qualidade de nossa atuação no mundo. É o que compõe nosso mundo particular. O que nos dá identidade e nos diferencia das outras pessoas.
No livro Quem me roubou de mim?, padre Fábio de Melo explica: "O horizonte de sentido é uma conjugação de inúmeros fatores. A cidade onde moramos, a história já vivida, a casa que nos abriga, os lugares que frequentamos, os amigos que temos, as crenças que professamos, as relações cotidianas, enfim, tudo isso compõe o nosso mundo particular. 
É a partir deste mundo que enxergamos o outro mundo, que não é somente nosso, mas também nosso..." 
Por isso pessoas que são sequestradas sofrem uma violência absurda. Além de estarem reféns, sem a liberdade de ir e vir, presas em um cativeiro, elas são retiradas da materialidade que constitui seu mundo particular. Ficam tão confusas, fragilizadas que acaba se rendendo e as vezes ate estabelecem uma relação amistosa com o sequestrador.
Muito ricas as palavras do padre neste livro. Nos faz pensar sobre situações nossas, sentimentos nossos antes tão difíceis de compreender, de lidar. Tão sofridos. Por que se pararmos pra pensar, mesmo que não tenhamos passado por nenhuma situação de sequestro, muitas vezes, por decisão nossa, deixamos este mundo particular, pelo menos sua materialidade, e acabamos sofrendo a mesma condição de vítima. Condição de  fragilidade, de perda de tudo aquilo que nos faz sentido. E é aí que entramos em depressão e nos deparamos com nosso lado mais feio, mais triste.
Senti isso quando mudei de cidade e deixei minha família, minha casa, meus amigos. Senti falta do cheiro da comida da mãe e do seu colo sempre disponível. De seu bom senso. Do cheirinho dos lençóis, do quarto. Até do calor infernal que faz ali. Do interesse do pai em saber como foi o dia e de como ele realmente acredita que somos capazes de qualquer coisa. Do café da manhã, ou almoço, ou jantar ou qualquer outra situação em que a família se reunia e conversava, conversava, conversava...
Superei isso pela paixão e pelo amor que aos poucos foi se consolidando e, sobretudo, pelo amor maternal que posteriormente descobri e engrossou meu horizonte de sentidos. Me devolvendo a segurança antes balançada pelo afastamento.
Por isso estou tão animada com novas possibilidades e tão preocupada com as possíveis mudanças. Mas seguindo em frente... sempre...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Será que eu mereço?

Hoje fui fazer a prova do Processo de Promoção por Mérito para os professores da rede estadual de São Paulo.
Confesso que fiz a prova com uma tristeza muito grande, sentindo vergonha de estar participando de uma coisa que não acredito. Mas assim o fiz por que também me imaginei sem fazer, vendo outras pessoas terem seus salários aumentados em 25%, um pouco mais digno e mais próximo de uma salário decente. Nada mais justo para quem passa o ano letivo se descabelando, correndo atrás de atividades que melhor estimulem o desenvolvimento dos alunos, gastando tinta da impressora imprimindo-as, ou usando seu próprio dinheiro para reproduzí-las. Sofrendo com aqueles que por algum motivo não avançam e, ainda mais, quando conhece um pouco de suas histórias de vida, carentes de tudo.
Nem precisaria assistir às tristes imagens do Haiti.
As vezes fico tão sensibilizada que tenho vontade de adotar alguns deles e cercá-los de tudo que acho necessário para a formação de, mais do que de um trabalhor criativo, resiliente, pró-ativo, autônomo, como alguns preferem, uma pessoa feliz, segura de sua identidade, que saiba compreender os outros e que consiga ler nas entrelinhas da vida, a riqueza de se relacionar com outras pessoas. Conhecer é mágico, humaniza. Mas de que vale o conhecimento se ele não trouxer a felicidade, a vontade de se relacionar com os outros de maneira saudável, pacífica, solidária, humanizante?
Esta questão pouco é trabalhada em nossas escolas e a mim parece fundamental. Para que conhecer?
Hoje porém não havia nenhuma questão sobre o "para que conhecer?". Ou outras tão importantes quanto, "para que escola?", "que escolas queremos?".
Não, para algumas pessoas são questões inúteis. Interessa é saber se aquilo que alguns educadores acreditam como sendo o melhor método e a melhor metodologia de ensino, aceitas e defendidas pelo Estado, foram assimiladas pelos professores, mesmo que não se acreditem muito nelas. Aliás, nem sequer é necessário que aquela prática da alternativa na qual você marcou um "xis" seja realmente uma prática sua. É só ser cínico ou cínica o bastante e um pouco inteligente para, conhecendo aquilo que os avaliadores querem constatar e assim o fazer.
Ao invés da solidariedade, da humanização, a concorrência, a disputa, a busca pelos resultados (que são apenas números para quem tá no alto escalão das políticas públicas). O rankiamento que desmobiliza, desagrega, desestimula, desmotiva, deprimi, corrói.
Mesmo no meio empresarial (de onde são retiradas as grandes idéias administrativas que visam a qualidade de serviços e produtos), empresas sérias, do meio corporativo, sabem o quanto a discrepância salarial entre funcionários de mesmo cargo podem causar na auta estima dos mesmos, nas relações entre pares e o estrago que estes podem provocar na chamada produtividade.
O São Paulo Futebol Clube, por exemplo, conhecido por ser um time estável, regular, o grande ganhador de campeonatos brasileiros, se não é, sempre está no rol dos cinco melhores, time de auta produtividade, assim o é, pois tem uma administração séria, coerente que, dentre outras coisas, se recusa a contratar jogadores com salários muito mais altos que do restante do time. Para não ruir o que conquistou até agora.
Aí me lembro que o aumento de 25% no salário, um aumento considerável, que poderia sim causar impacto na educação no Estado, será benefício de apenas 20% dos professores que prestaram a prova hoje, em todo Estado. Parece o número razoável, se não fossem os 80% restante, que ficarão com o salário 25% menor que de seu colega da sala ao lado, que trabalha o mesmo tempo, as vezes é menos experiente, as vezes usa o cargo público como segundo emprego e por isso não se dedica tanto, mas conhece as regras do jogo e é esperto o suficiente pra passar numa prova que nem de longe avalia outros fatores fundamentais na escola dita de qualidade (alguém sabe me dizer que qualidade é essa?) como dedicação, perseverança, solidariedade, respeito, ética, responsabilidade, compromisso, paciência.
Alguns colegas vão discordar de mim. Mas estes e nós outros, no final,  somos só números. Professores, alunos, escolas... só números.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Horizonte de sentido - Parte I

Gentesss!!! Voltei! Como alguns devem saber passei um mês na terrinha... a calorosa Manaus. Matando saudade das pessoas, dos sabores... aproveitei também para fazer o balanço dos sentimentos, verificar as certezas, lavar algumas roupas (rs).
Comentei pela internet que colinho de mãe cura tudo e aproveitei pra me queixar um pouco sobre como minha filha está crescendo e já quase nao cabe no meu (colo). É claro que a gente acaba dando um jeitinho e com algumas adequações ainda conseguimos sentir o calorzinho do colo materno.
Lembrei, durante a viagem, por um outro motivo, de um livro do Pe. Fábio de Melo que minha mãe me emprestou quase me intimando a ler e que comecei, achei interessante, mas por circustâncias acadêmicas acabei não terminando a leitura.
Enfim, o nome do livro é Quem me roubou de mim, e eu lembrei que, neste livro, o padre utiliza a definição de sequestro (crime no qual uma pessoa é retirada do contato com as coisas suas, as pessoas da família, amigos, de seu mundo particular e é mantida em cativeiro, em total privação de sua liberdade. Pelo menos da liberdade de ir e vir.) para falar sobre o que ele chamou de sequestro da subjetividade (cuja denominação so fui lembrar quando voltei pra São Paulo e imediantamente fui dar conta do livro).
Trabalharei mas com este conceito que achei interessantíssimo, em outra ocasião pois, relendo o livro, encontrei um poema lindo que tinha tudo a ver com o meu sentimento de encontrar a família novamente, os amigos, etc. e eu que ainda estava tão triste e ainda sofrendo com mais uma cruel despedida, me emocionei bastante.
Quero compartilhá-lo com as pessoas que me acompanham, não são muitas, mas tão importantes. O poema chama Retorno:

Somente depois de ter andado por terras estranhas
É que pude reconhecer a beleza de minha morada.
A ausência mensura o tamanho do local perdido
Evidencia o que antes estava oculto,
por força do costume.
Olhei minha mãe como se fosse a primeira vez.
Olhei como se eu fosse voltar a ser pequena
A descobrir-lhe as feições tão maternas.
Abri o portão principal como quem abria
Um cofre que resguardava valores incomensuráveis.
As vozes de todos os dias estavam reinauguradas.
Deitei-me no colo de minha mãe como se quisesse
Realizar a proeza de ser gerado de novo.
Suas mãos sobre os meus cabelos
pareciam devolver-me
A mim mesmo.
Mãos com poder de sutura existencial...
Era como se o gesto possuísse voz,
capaz de me dizer:
Dorme meu filho, por que enquanto você dormir
Eu lhe farei de novo.
Dorme meu filho, dorme...

Ainda não consigo lê-lo sem deixar as lágrimas caírem... espero em breve poder ouvir novamente "as vozes de todos os dias"...